Deus, como Trindade, se manifestou, em junho de 1929, em Tuy (Espanha), à irmã Lúcia, uma das videntes de Nossa Senhora de Fátima. Nessa época, Lúcia era freira Dorotéia. E, nesse momento, ela estava na capela conventual, em oração, durante a Hora Santa.
Vejamos como foi a aparição, segundo o Rev. Padre José Bernardo Gonçalves, S. J., que a transcreveu direta e literalmente dos apontamentos de irmã Lúcia:
"13-6-1929 – Eu tinha pedido e obtido licença das minhas Superioras e Confessor para fazer a Hora-Santa das 11 à meia-noite, de quintas para sextas-feiras. Estando uma noite só, ajoelhei-me entre a balaustrada, no meio da capela, a rezar, prostrada, as Orações do Anjo. Sentindo-me cansada, ergui-me e continuei a rezá-las com os braços em cruz. A única luz era a da lâmpada.
De repente iluminou-se toda a Capela com uma luz sobrenatural e sobre o Altar apareceu uma Cruz de luz que chegava até ao tecto.
Em uma luz mais clara via-se, na parte superior da cruz, uma face de homem com corpo até à cinta, sobre o peito uma pomba também de luz e, pregado na cruz, o corpo de outro homem.
Um pouco abaixo da cinta, suspenso no ar, via-se um cálix e uma hóstia grande, sobre a qual caíam algumas gotas de sangue que corriam pelas faces do Crucificado e duma ferida do peito. Escorregando pela Hóstia, essas gotas caíam dentro do Cálix.
Sob o braço direito da cruz estava Nossa Senhora («era Nossa Senhora de Fátima com o Seu Imaculado Coração... na mão esquerda, ... sem espada, nem rosas, mas com uma Coroa de espinhos e chamas...»), com o Seu Imaculado Coração na mão...
Sob o braço esquerdo, umas letras grandes, como se fossem de água cristalina que corresse para cima do Altar, formavam estas palavras: «Graça e Misericórdia».
Compreendi que me era mostrado o mistério da Santíssima Trindade e recebi luzes sobre este mistério que não me é permitido revelar."1(p.195).
Assim, Deus mostra a importância do que Nossa Senhora diria a seguir:
"– É chegado o momento em que Deus pede para o Santo Padre fazer, em união com todos os Bispos do Mundo, a Consagração da Rússia ao Meu Imaculado Coração, prometendo salvá-la por este meio. São tantas as almas que a Justiça de Deus condena por pecados contra Mim cometidos que venho pedir reparação: sacrifica-te por esta intenção e ora."1 (p. 195-196).
Tempos depois, Nossa Senhora disse à Irmã Lúcia:
"– Não quiseram atender ao Meu pedido!... Como o rei de França*, arrepender-se-ão e fá-la-ão, mas será tarde. A Rússia terá já espalhado os seus erros pelo mundo, provocando guerras, perseguições à igreja: O Santo Padre terá muito que sofrer."1(p.196).
Notas
1. Compilação do P.e Luís Kondor, SVD, Memórias de Irmã Lúcia I, Fátima (Portugal), Secretariado dos Pastorinhos, outubro de 2007. 13ª edição. Páginas 194-195. Disponível em: http://www.pastorinhos.com/_wp/wp-content/uploads/MemoriasI_pt1.pdf
* Em 1689, um ano antes de morrer, Santa Margarida Maria tentou, por vários meios e iniciativas, fazer chegar ao «Rei Sol», Luís XIV da França, uma mensagem do Sagrado Coração de Jesus, com quatro pedidos: gravar o Sagrado Coração de Jesus nas bandeiras reais; construir um templo em Sua honra, onde devia receber as homenagens da Corte; o Rei deveria fazer a sua consagração ao Sagrado Coração; e deveria empenhar a sua autoridade perante a Santa Sé para obter uma missa em honra do Sagrado Coração de Jesus. No entanto, nada se conseguiu. Parece mesmo que esta mensagem nem sequer chegou ao conhecimento do Rei.
Só um século mais tarde, a família real responderia, na medida do possível, a esta mensagem. Luís XVI, em 1792, concebe a ideia do seu voto ao Coração de Jesus, mas já só o realiza na prisão do Templo, prometendo cumprir, após a sua libertação, todos os pedidos comunicados por Santa Margarida Maria. Mas, para a Providência Divina, era já tarde: Luís XVI foi guilhotinado em 21 de Janeiro de 1793. 1(p. 196).
Desconheço o autor da Imagem.