Mas, então, comentaram um detalhe que eu não tinha prestado atenção. Se a trilogia (O senhor dos Anéis) é uma obra cristã, então, torna-se algo que não foi citado na lista.
Daí surgiu a idéia de falar sobre estes três fabulosos filmes e livros. Primeiramente falarei sobre o autor depois sobre o filme.
Uma descrição voltada para J.R.R. Tolkien, o autor:
Essa obra, do escritor inglês J.R.R. Tolkien, é um marco na literatura do século XX.
Trata-se de uma riquíssima aula de doutrina católica mediante símbolos claríssimos!
Alguns pontos:
- A influência que o anel causa nos que dele se aproximam parece muito com a concupiscência e o apelo do pecado. De fato, nem se queremos “usar o anel para o bem”, deixamos de nos contaminar. Parece passar a mensagem de que os fins bons realmente não justificam os meios maus.
- Tolkien é o mais brilhante escritor de fantasia de todos os tempos. E um católico tão devoto que sua obra reflete muito da doutrina e a da espiritualidade cristãs. Há muitos valores humanos pregados em seus livros, e muito simbolismo das realidades espirituais. Além da grande crítica ao Iluminismo e uma defesa apaixonada de uma sociedade hierárquica e sacral.
- “O Senhor dos Anéis” é uma perfeita alegoria do pecado original e da luta espiritual do homem!
Copiado do Thiago de Moraes, de uma comunidade do Orkut
Uma pequena biografia
Para esclarecermos o sentido real das obras de Tolkien, uma análise biográfica pode ser de grande valia:
John Ronald Reuel Tolkien (1892 – 1973) nasceu na cidade de Bloemfontein, na África do Sul, para onde seu pai, Arthur Tolkien, emigrara dois anos antes. Em 1896, tendo falecido o pai da família, sua mãe, Mabel Suffield, voltou com os filhos para a Inglaterra, indo morar na região das West Midlands.
Influenciada pela figura do Cardeal Newman, a Sra. Mabel, de origem unitarista, pediu admissão na Igreja Católica. Este fato calou fundo no ânimo de John Ronald, não só pela fé ardente que sua mãe testemunhava, mas também pelo heroísmo de que ela deu provas numa sociedade (e numa família) que boicotava os católicos. Durante quatro anos (até a morte de Mabel) Tolkien acompanhou seus gestos de coragem e intrepidez, vindo a sofrer penúria material. O jovem foi assistido pelo Pe. Francis Morgan, que o ajudou a continuar seus estudos, tarefa que John executou com brilho, principalmente nos setores do latim, do grego e do inglês.
Aos 22 de maior de 1916 casou-se com Edith Bratt.
Participou da I Guerra Mundial como membro do regimento dos Lancashire Fusiliers e depois passou a exercer o magistério na área da língua e da literatura inglesa.
Com o tempo, ele se tornou um eminente filólogo, doutor em Letras pela Universidade de Oxford, professor de História da Língua Inglesa, especialista em mitologia dos povos nórdicos e responsável pelo famoso Oxford English Dictionary. Além disso, praticava a poesia e a pintura.
Tolkien era um católico fervoroso, de fé firme, dado à oração, à comunhão eucarística quase diária. Fora os seus livros, deixou cartas de direção espiritual a seus filhos, especialmente a Christopher Tolkien, que continuou a obra do pai.
Estes dados permitem a bons literários dizer: toda a operosidade de Tolkien tendia a uma finalidade única: reevangelizar a imaginação.
O Senhor dos Anéis – objetivo
Como professor, Tolkien não se interessava apenas pelas idéias e os conceitos errôneos que podiam afetar a juventude; ele também se importava muito com as imagens, pois estas freqüentemente formam ou deformam a criança. Daí concebeu o projeto de escrever contos cheios de imagens para crianças, portadores de mensagem. Foi a partir dessas premissas que teve origem o primeiro volume de O Senhor dos Anéis.
O sucesso desse primeiro livro ultrapassou todas as expectativas. Foi o que levou o editor a pedir a Tolkien que continuasse a obra. O autor não se furtou a atender e, para tanto, foi pesquisar nas fontes da literatura e da mitologia, coletando material imaginoso que pudesse servir ao seu objetivo. Assim puderam ser redigidos dois outros volumes no decorrer de dezesseis anos de trabalho. Tolkien foi escrevendo sem plano pré-definido, ao correr da pena, ignorando onde e como terminaria. Confiou seu projeto a dois amigos C S Lewis (autor de As crônicas de Nárnia) e Charles Williams, com os quais se reunia todas as segundas-feiras de manhã.
No tocante ao serviço evangelizador que Tolkien queria realizar, este trecho de uma carta dele ao Pe. Murray é paradigmático (Réévangéliser l´imagination, LA NEF 123, janeiro de 2002 apud PR agosto de 2003):
A obra “O Senhor dos Anéis” é intrinsecamente religiosa, católica. De maneira inconsciente para começar; depois, com toda clareza, quando relida… Eis por que não se acha aí… alguma referência à religião ou a cultos e práticas religiosas, o elemento religioso faz a tessitura do livro.
Com outras palavras: O Senhor dos Anéis não é um romance apologético para a defesa da fé; esta é tida como a substância mesma do propósito de Tolkien. É a fé que traça o contorno e a personalidade dos personagens principais do livro.
É interessante ler o que o autor escreveu a respeito da relação de Maria Santíssima com a beleza na carta citada:
“Compreendo perfeitamente o que V. R. quer dizer ao evocar a ordem da graça e de Maria, pois é da imagem de Nossa Senhora que vem a idéia que tenho da Beleza como sendo uma realidade ao mesmo tempo cheia de majestade e de simplicidade. Este conceito, eu devo principalmente à fé que minha mãe me transmitiu ao preço de sua saúde e sua vida.”
Além disso, o fato de Tolkien criar um mundo representa uma forma de participação na tarefa criadora de Deus. Trata-se de um símbolo de que o homem também é co-criador, e isso é fundamental na espiritualidade católica. Criando um mundo que não existe, Tolkien simboliza que todos nós temos responsabilidade na co-criação deste mundo que existe e no qual vivemos.
O livro e o filme não são religiosos, nem falam de religião. Por isso, não há descrição de aspectos religiosos nas obras. Por que? Porque a religião é a própria essência desse livro!
Além disso, mesmo que não tivesse símbolos religiosos, o livro já seria recomendável por encarnar valores humanos. Mesmo que nada de valor cristão tivesse, só o valor humano já seria positivo. De fato, destaco alguns deles: o amor às virtudes, a honra, a honestidade, o espírito de equipe, o perdão, o cavalheirismo, a coragem, a perseverança, o sacrifício. Todos valores que, embora não exclusivamente cristãos, e, portanto não-religiosos, são humanos e, portanto, positivos. Só por eles, já vale a obra como positiva.
Enfim, o livro também é uma belíssima fábula contra o processo revolucionário do pensamento moderno. A batalha dos ents contra as forças de Sauron é muito representativa dessa idéia, bem como a descrição do condado.
Uma descrição voltada para a própria obra:
Sinopse
Bilbo Bolseiro é um hobbit que possui um anel capaz de deixá-lo invisível e prolongar-lhe a vida. Só que este anel não é um anel comum. Ele é o Um Anel, a única coisa que impede Sauron, o Senhor do Escuro de reinar soberano. No dia de seu aniversário, ele deixa o Um Anel para Frodo Bolseiro, seu sobrinho. A pedido de Gandalf, velho mago e amigo de Bilbo. Frodo leva o anel a Valfenda, com a ajuda de outros hobbits. Na viagem eles conhecem Passolargo, um guardião que os guia até Valfenda. Lá eles têm contato com os elfos, incluindo Elrond, senhor de Valfenda. Este dirige o Conselho de Elrond, que atrai membros das três raças (Elfos, Anões e Humanos) para que se decida o que será feito do Anel Único. Como o único lugar onde ele pode ser desfeito é a Montanha da Perdição, ou Orodruin, é designada uma comitiva cujo objetivo é levar o Anel até lá, e Frodo se torna o Portador do Anel, aquele que carregará o Anel até Orodruin. Passando por muitos perigos, a Sociedade do Anel, como é chamada a comitiva formada por nove pessoas, rompe-se em três, e parece que todas as esperanças acabam para Frodo. A história é repleta de guerras, batalhas e viagens. (disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Senhor_dos_An%C3%A9is)
Comentário:
Uma obra-prima. É esta talvez a melhor definição para a clássica trilogia cinematográfica O Senhor dos Anéis, brilhantemente dirigida por Peter Jackson e baseada na obra homônima do escritor católico J.R.R. Tolkien.
Aclamado pelo público e pela crítica, O Senhor dos Anéis consegue reunir uma excelente produção com uma trama que tem muito a nos ensinar em termos de valores e virtudes.
Neste artigo, discorreremos sobre o primeiro dos três filmes, O Senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel, vencedor de 4 dos 17 (!) Oscars ganhados pela trilogia .
Trata-se de uma rica e complexa história que se passa na chamada Terra Média, em que um grupo de seres do bem luta para destruir um anel do mal e assim, dissipar o mal do mundo.
Tolkien criativamente arquitetou uma história fantástica, muito complexa e detalhada, como forma de atrair os corações das pessoas com sua beleza e esplendor, e com isso transmitir aos espectadores princípios profundamente cristãos. É esta “sagacidade” do autor que foi amplamente elogiada pelo jornal da Santa Sé, L’ Osservatore Romano, em sua edição do dia 27 de fevereiro de 2003, que tece grandes elogios à obra dizendo que esta transmite “ecos do Evangelho”. Segundo o jornal, o mundo de fantasia de Tolkien é “como uma projeção do mundo real, onde os homens se vêem agitados pelas paixões, impulsionados por sentimentos, escravos do egoísmo, mas abertos a valores como a amizade, a lealdade, a generosidade, o amor que é até mais forte que o desejo de poder que devasta a humanidade”. Assim, a obra de Tolkien ensina-nos grandes sentimentos se adentrarmos nas suas significações mais profundas. E é este o principal mérito do escritor inglês, conseguir evangelizar sem mencionar diretamente o Evangelho, isso porque “quando a fé inspira o pensamento e a vida, não é necessário chamar a atenção a esse respeito; porque se irradia através de tudo o que faz”, nos diz o jornal do Vaticano.
O enredo do épico cinematogáfico é magistralmente envolvente e alimenta, em quem o assiste, um pensamento como “o que será que acontecerá no próximo minuto?”. A atuação dos atores é muito boa - sobretudo a de Elijah Wood como Frodo Baggins, Viggo Mortensen como Aragorn e Ian McKellen como Gandalf - os cenários criados são estonteantes e a música acompanha com plena harmonia o desenrolar das cenas. Mas, como já foi dito, o filme impressiona não somente por sua qualidade técnica, mas sobretudo por ser uma escola de valores. Nele, a distinção entre o bem e o mal é claramente percebida, sendo às vezes estas realidades representadas por símbolos que, se não são definitivos, ao menos nos ajudam a vislumbrar melhor a mensagem a ser passada – como o fato de se atribuir a luz ao bem e às trevas o mal; ao fato de Sauron (o principal vilão) ser chamado “o senhor do escuro”; de se contrapor a feiúra estética do mal à beleza do bem; ou de existir um personagem do mal que é um demônio chamado Balrog.
Com tudo isso, o filme vem nos mostrar quão bom e nobre é praticar a virtude e quão lastimoso é enveredar-se pelas sendas da iniqüidade. Vemos tal realidade principalmente se começarmos a “espiritualizar”, segundo a doutrina católica, a visão que temos do mesmo. Constataremos então pessoas cegadas e corrompidas pelo desejo imoderado do poder, o que nos fará lembrar da concupiscência dos olhos; ou pessoas que, por optarem pelo mal, acabam se tornando escravas do mesmo, fato que nos recordará a escravidão do pecado e ao demônio; ou ainda situações em que se apresenta a tentação de escolher, por vício, a opção mais fácil, o que nos fará lembrar da porta estreita do Evangelho.
Mas são principalmente os bons exemplos que superabundam na película. Muitos de seus personagens são profundamente humanos, abertos e dispostos a realizar toda espécie de boas obras. O hobbit Frodo, protagonista que é incumbido da maior das missões – ou seja, carregar o Um Anel até o lugar onde ele deve ser destruído e assim extirpar o mal do mundo – faz-nos emocionar. Pequeno e fraco em relação aos outros seres, luta incansavelmente diante das dificuldades para fazer o bem que se lhe apresenta. O belo é que ele, mesmo sofrendo muito, não desanima diante dos ventos contrários à missão. Não há como contemplá-lo e não se lembrar da figura do rei Davi, semelhante a ele tanto fisicamente quanto na humildade de coração; ou do ensinamento de São Paulo dizendo-nos que Deus escolhe o que é fraco e desprezado para confundir os fortes, e que é na fraqueza humana que se realiza plenamente pela graça, a força de Deus (cf. I Cor 1, 27-29; II Cor 12, 7-9).
Há também belos momentos nos quais deparamo-nos com os personagens reconhecendo a própria fraqueza e limitação, ou arrependendo-se de erros cometidos, como no momento da morte de Boromir, um dos membros humanos da Sociedade do Anel. O filme mostra igualmente a necessidade de unir-se como forma de mais eficazmente vencer as dificuldades, e o fato de que o dever de combater o mal é um dever de todos.
Existem pelo menos outros dois pontos nitidamente “católicos” no filme que são dignos de menção. É interessante perceber como a realidade da morte é encarada pelos personagens: eles são sensíveis ao ponto de a sentirem profundamente e a chorarem emotivamente. Encontra-se até uma certa “jaculatória católica” nos lábios de Passolargo (Aragorn) na ocasião da morte de Boromir. E o afável mago Gandalf diz, a certa altura do filme, de que há outras forças agindo no mundo além da vontade do mal, o que para mim não é senão uma agradável alusão à Providência Divina e de sua Onipotência invencível que sempre deseja e realiza o bem para todos.
Parabéns a Tolkien, fervoroso católico, que nos deixou herança tão valiosa como o Senhor dos Anéis. Congratulações também ao diretor Peter Jackson, a todo o elenco e colaboradores, que nos premiaram com um clássico cinematográfico inesquecível. Resta-nos então deliciarmo-nos santamente na apreciação de tão bela obra.
Agora, comentem o que acham e ajudem a enriquecer o conteúdo.
Fontes: Wikipédia;
VS Blog.
Escritos Católicos Blog.
tolkiem não era católico
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