15 agosto 2010

Uma fábula dinamarquesa


Há algum tempo assisti na TV Futura a encenação do disseram ser uma fábula dinamarquesa. Considerei muitíssimo interessante. Tento aqui recontá-la:
Os demônios fizeram um espelho encantado no qual tudo o que era bom, belo e santo era refletido no tal espelho como feio, ruim e repulsivo.
Com muita volúpia foram todos levá-lo ao Céu para verem como seriam refletidas nele a imagem de Deus e dos anjos.
Por tanta ansiedade, de tantos demônios, o espelho acabou caindo e se espatifando sobre a terra, reduzido a uma infinidade de pequenos caquinhos.
            Quando um caquinho desses caía no olho de alguém, levado pelo vento, essa pessoa passava a enxergar tudo de acordo com o referido espelho, ou seja, sentido aversão a tudo o que é bom, belo e santo.
            Foi o que aconteceu a um menino. Ele foi atingido por um caquinho do espelho numa manhã fria de inverno.
            A partir daí ele já não gostava das lindas histórias que a avó contava, não admirava mais as lindas rosas do seu jardim na primavera, não saboreava mais com prazer a deliciosa comida que sua mãe fazia… Toda manifestação de doçura, beleza e bondade era alvo de sua repulsa e de suas críticas.
            Resolveu num dia de inverno, ir com o seu trenó atrás da rainha da neve, que morava num palácio de gelo eterno.
            Dias se passaram e ele, para a sua família, estava desaparecido.
             Ele tinha uma vizinha, uma menina que antes era considerada grande amiga. Partilhava com ela as histórias da avó e as brincadeiras no jardim.
            Essa menina não se conformou com o seu desaparecimento e foi atrás dele, enfrentando para isso grandes sacrifícios e dificuldades.
            Encontrou-o, finalmente, sozinho no castelo de gelo da rainha da neve. Estava roxo e duro de frio, mas aparentava não sentir frio algum. Considerava-se contente se distraindo com um quebra-cabeça feito de gelo.
            Ao vê-lo a menina manifestou toda a sua alegria por tê-lo encontrado, mas a recepção foi decepcionante. Ao revê-la ele não demonstrou a menor alegria, a presença dela ali talvez até incomodasse.
            Diante de um quadro tão triste a menina começou a chorar. Não podia conter a dor de ver uma pessoa tão querida numa situação pior do que a morte.
            Como ele estava sentado no chão de gelo e ela em pé ao lado dele, suas lágrimas quentes de verdadeiro amor caíram sobre o menino.
            Seu frio coração começou então a se aquecer. Ele começou a se lembrar de tudo o que havia perdido e chorou também.
            Ao chorar, o caquinho do espelho demoníaco saiu de seu olho por meio das lágrimas.
            E ele voltou a ser o menino capaz de ser feliz.
Reporter de Cristo

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