Nas Características dos anjos, vimos que eles são criaturas puramente espirituais, incorpóreas, invisíveis e imortais. Dotados de inteligência e de vontade. E submetem-se à vontade de Deus, exercendo "função de mediação e de ministério nas relações mantidas entre Deus e os homens."1.
Assim, há duas missões angélicas3:
- interior - relativa à comunicação entre as instancias, pela qual um anjo ilumina outro. Nessa, todos os anjos são enviados.
- exterior - em que os anjos fazem algo em relação a alguma criatura corpórea, por ordem divina. E, "para tal missão nem todos os anjos são enviados".
Quando algum dos anjos executa uma missão exterior, sua ação procede de Deus. E essa é a razão de ele ser um "ministro", isto é, um "instrumento inteligente" que, como tal, "é movido por outro e a sua ação se ordena para outro."2. Sendo ministro, suas ações se chamam ministérios. Por isso, se diz que os anjos são "enviados em ministério."2.
A partir dessa distinção, São Tomás de Aquino divide os anjos em assistentes e ministrantes, "à semelhança dos que servem a um rei, dos quais uns sempre lhe assistem e lhe ouvem imediatamente as ordens; outros porém recebem dos assistentes o enunciado das ordens reais. "4.
Assim, há três ordens de assistentes e seis ordens de ministrantes no mundo celestial.
Os assistentes são os Serafins, Querubins e Tronos. Somente dessas três ordens se diz que assistem, pois elas formam a primeira hierarquia, a qual recebe "a iluminação imediatamente de Deus."4. "Todos os assistentes vêm, imediatamente, certas cousas, na claridade da divina essência". Contudo, como vimos anteriormente, " os superiores alcançam mais que os inferiores, e isso lhes transmitem a estes, iluminando-os". Assim como o que acontece com os assessores de um rei, em que uns assessores conhecem mais do que outros os segredos do rei.4.
Quanto aos ministrantes, eles pertencem à segunda e terceira hierarquia. Eles podem sempre assistir ou contemplar a face de Deus, mas não podem "alcançar os segredos dos divinos mistérios, na claridade mesma da divina essência"4 que os da primeira hierarquia podem. São eles:
- Potestades - ordena "o que deve ser feito pelos súditos"5 e "de que modo"6 o que foi definido deve ser cumprido. Esta ordem, também, afasta "os maus espíritos."6.
- Principados - são os primeiros na execução dos ministérios divinos, "por presidirem ao governo dos povos e dos reinos."6. Eles comandam e dirigem os outros 6. " São eles que governam os bons espíritos"6.
- Virtudes - Têm poder sobre a "natureza corpórea."6. Nela se compreende a fortaleza, que dá "eficácia aos espíritos inferiores para executarem os divinos ministérios."6. Também opera milagres, "pois, o primeiro dos ministérios divinos é fazer milagres, preparando-se, por aí, a via para a anunciação dos Arcanjos e dos Anjos."6.
- Arcanjos - anunciam aos homens grandes acontecimentos, superiores à razão humana.
- Anjos - acompanham e protegem as criaturas humanas e anunciam pequenas coisas, "que a razão pode alcançar."6.
"É próprio a essas cinco ordens serem mandadas em ministério exterior"7. Eles são enviados em ministério por vontade e autoridade de Deus, em favor daqueles que hão de receber a herança da salvação (Hb 1,13). Eles servem principalmente a Deus e, secundariamente às criaturas humanas.
As Dominações contam-se entre os anjos ministrantes, não porque executem o ministério, mas porque dispõem e mandam o que deve ser feito pelos outros. Assim como nas construções os arquitetos não fazem nada manualmente, mas só dispõem e ordenam o que os outros devem fazer."7
O exercício das funções angélicas, depois do dia do juízo, "permanecerá de certo modo e, de outro, cessará. Cessará, quanto à condução de certos homens ao fim; permanecerá, porém, no que diz respeito à consecução última do fim. Assim, umas são as funções das ordens militares, na luta, e, outras, no triunfo."8 " Os Principados e as Potestades deixarão de existir, na referida consumação final, no atinente à condução dos fiéis ao fim; pois, conseguido este, já não é necessário tender para ele. " Embora depois do dia do juízo, os homens não precisem mais ser levados à salvação pelo ministério dos anjos, contudo, aqueles que já o conseguiram terão alguma iluminação por ofício deles."8
Notas
1. Papa João Paulo II, Audiência Geral: "Criador das coisas "invisíveis": os anjos" (30 de julho de 1986). Disponível em: http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/es/audiences/1986/documents/hf_jp-ii_aud_19860730.html
1. Papa João Paulo II, Audiência Geral: "Criador das coisas "invisíveis": os anjos" (30 de julho de 1986). Disponível em: http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/es/audiences/1986/documents/hf_jp-ii_aud_19860730.html
2. Tomás de Aquino, Suma Teológica, 1ª parte, Tratado sobre a conservação e o governo das coisas, questão 112, artigo 1, solução. Disponível em: http://permanencia.org.br/drupal/node/2129
3. Tomás de Aquino, Suma Teológica, 1ª parte, Tratado sobre a conservação e o governo das coisas, questão 112, artigo 2. Disponível em: http://permanencia.org.br/drupal/node/2130
4. Tomás de Aquino, Suma Teológica, 1ª parte, Tratado sobre a conservação e o governo das coisas, questão 112, artigo 3. Disponível em: http://permanencia.org.br/drupal/node/2131
5. Tomás de Aquino, Suma Teológica, 1ª parte, Tratado sobre a conservação e o governo das coisas, questão 108, artigo 5. Disponível em: http://permanencia.org.br/drupal/node/2048
6. Tomás de Aquino, Suma Teológica, 1ª parte, Tratado sobre a conservação e o governo das coisas, questão 108, artigo 6. Disponível em: http://permanencia.org.br/drupal/node/2049
7. Tomás de Aquino, Suma Teológica, 1ª parte, Tratado sobre a conservação e o governo das coisas, questão 112 artigo 4. Disponível em: http://permanencia.org.br/drupal/node/2132
5. Tomás de Aquino, Suma Teológica, 1ª parte, Tratado sobre a conservação e o governo das coisas, questão 108, artigo 5. Disponível em: http://permanencia.org.br/drupal/node/2048
6. Tomás de Aquino, Suma Teológica, 1ª parte, Tratado sobre a conservação e o governo das coisas, questão 108, artigo 6. Disponível em: http://permanencia.org.br/drupal/node/2049
7. Tomás de Aquino, Suma Teológica, 1ª parte, Tratado sobre a conservação e o governo das coisas, questão 112 artigo 4. Disponível em: http://permanencia.org.br/drupal/node/2132
8. Tomás de Aquino, Suma Teológica, 1ª parte, Tratado sobre a conservação e o governo das coisas, questão108, artigo 7. Disponível em: http://permanencia.org.br/drupal/node/2050
Autoria: Betania Tavares
Desconheço a autoria da imagem.
Autoria: Betania Tavares
Desconheço a autoria da imagem.
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