06 abril 2022

08 Filiação Divina

 



Em Cristo nós somos elevados à condição de Filhos de Deus, nos ensina São Paulo em Gálatas 4,4.


Em Romanos, o mesmo São Paulo nos revela que todos os que se deixam conduzir pelo Espírito Santo são filhos de Deus. Que recebemos o espírito de adoção filial do qual nos faz clamar "Abba, Pai". O Espírito Santo se une ao nosso espírito, atestando que somos filhos de Deus. Testifica no nosso espírito esse estado de filiação divina, de herdeiros de Deus e co-herdeiros em Cristo.


A herança que Jesus merece, nós também recebemos por participação. No direito greco-selêucida, somente os parentes legítimos poderiam receber herança. Só o fato de Deus nos tratar como filhos já seria fantástico, mas não só nos trata, como realmente nos faz filhos, de fato. Somos filhos em sentido real, não é um termo metafórico. Os pais adotivos não conseguem infundir seu sangue nos adotados, o que Deus faz conosco é muito mais profundo que isso. É na dimensão espiritual que é superior à do sangue.


Em João 1,11 nos diz o evangelista que a quantos receberam o Verbo, receberam o poder de se tornarem filhos de Deus. Essa filiação divina é maior que a filiação de sangue. Deus coloca o mesmo Espírito do seu Filho em nós. Somos filhos no Filho, por natureza. Ele é o Primogênito de muitos irmãos, nos diz a Escritura. Uma vez que Jesus se encarnou, nós somos pertença dele e só por Ele temos a salvação, a evolução do nosso estado humano para o divino.


Em Hebreu 12 somos exortados a não vender, como Esaú, nossa filiação divina por causa de pecados torpes. Como animais, pagãos que não conhecem o evangelho. O filho do rei não pode se comportar como um mendigo. Devemos, como Jacó, buscar, querer, desejar ardentemente, sem cessar, a bênção do Pai que nos faz abençoados e herdeiros do seu reino.


Na carta de São Tiago 1,18 nos é esclarecido que essa graça de filiação divina não é uma espécie de novo título ou condecoração. Ele realmente nos recria, nos refaz, realiza em nós uma obra nova, somos Nele, nova criatura, gerados em Cristo. Em 1,21 vemos que a Palavra, o Verbo, Cristo, uma vez implantado como semente em nós é capaz de nos salvar.


Em 1 Pedro 1,23 o primeiro papa nos diz que nascemos de novo mediante a Palavra de Deus para sempre. Essa palavra é o próprio Cristo, como lhe foi ensinado por Jesus na parábola do semeador.


Confirma a nós a 1ª carta de São João 3,9 quando diz que a semente de Deus em nós não nos deixa pecar, Cristo e seu Espírito.


E principalmente a segunda carta de Pedro, capítulo 1 onde nos revela que essa graça em Cristo nos torna participantes da natureza divina. Tudo isso por graça.


No discurso de São Paulo no Areópago relatado no livro dos Atos dos Apóstolos vemos que ele diz que somos da 'raça de Deus'.


Na sua carta aos Efésios aprendemos que somos familiares de Deus. Tudo através de Cristo. É nele que fomos resgatados de carne podre para filiação divina.


No evangelho de João, capítulo 3, Jesus diz que quem não nascer de novo não poderá ver o reino de Deus. Que devemos nascer da água e do espírito. Que é preciso nascer de novo pelo Espírito de Cristo. O termo grego refere-se à gestação. É preciso passar por um novo processo de transformação. Passar pelo novo nascimento é a base de tudo. É preciso viver essa novidade na vida concreta. 


Quem experimenta essa vida nova não deve mais conseguir conviver como um pagão novamente, voltando ao pecado. Principalmente o grave. O batismo ritual só não basta. É preciso vivê-lo, torná-lo vivo por atos e em verdade, viver num tipo de sinergismo. No monergismo, somente Deus opera e o homem não faz nada. O movimento é em uma via só, mono. Se assim fosse, bastava batizar Herodes para torná-lo um 'São Paulo'. Sabemos que não é assim que funciona. Por isso falamos em sinergismo. No sinergismo há uma ação divina, mas há uma cooperação com a graça da nossa parte, uma busca por viver dignamente como batizado.


Todo ano litúrgico passamos por uma quaresma, para, na páscoa, renovarmos nossas promessas batismais. É preciso se converter verdadeira e constantemente. Rememorar a ação de Deus na história e em nossas vidas e colocar nossas ações à luz de sua santa vontade. Um exame de consciência constante e necessário.


A maioria das pessoas se comportam como Esaú, vendendo sua filiação divina por prazeres efêmeros para ser escravo do pecado novamente, uma escravidão que nos faz escravos diretamente do diabo. É preciso ter essa chave de mudança de vida. Mudança de mentalidade, mudança espiritual, mudança comportamental.


O porco lavado volta à sujeira, o cão ao vomitar, volta a comer o seu  vômito, mas o gato uma vez, sujo, vai limpar-se. Fica incomodado até ver-se limpo novamente. O cristão nascido de novo busca a santidade e foge do pecado. Essa é a sua nova natureza. É preciso uma mudança de mentalidade. Tem muita gente precisando nascer de novo dentro e fora da igreja, até padres e bispos... Não há exclusivismo. Todos estamos debaixo das mesmas condições. Assim como o judeu por ser judeu não lhe faz ser filho de Abraão, assim o católico deve fazer por onde para ser fiel ao estado a que é chamado e consagrado.


É preciso comportar-se como recebedor dessa graça extraordinária que nos salva: nascer da água e do Espírito.


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