Por João Batista Passos
Esta é uma pergunta que devemos nos fazer: comungamos com Cristo, com Seu pensamento, com sua forma de agir, com a sua forma de amar, com as suas palavras, com a sua Verdade?
Um cristão precisa racionalizar a sua Fé, precisa se questionar se caminha como Jesus e com Jesus, se caminhamos do modo que ele nos envia a caminhar. Precisamos fazer este exame de consciência de forma constante, e sempre levar em consideração que Ele não é apenas um modelo de pessoa que deve ser imitado, mas sim que Ele é o nosso objetivo, estar e encontrá-LO de forma definitiva é a meta do ser humano, que se torna Cristão ao ouvir e colocar as Palavras de Jesus Cristo em prática.
Praticamos, exercitamos a nossa identidade de Cristãos?
No inicio da Igreja, em sua era primitiva, os Cristãos seguiam um pensamento muito interessante, não se consideravam mais cidadãos deste mundo e sim cidadãos do Céu. A realidade do Cristão é aberta ao horizonte divino. Este pensamento os tornavam diferentes, os tornavam fortes ao enfrentar as questões deste mundo, por mais difíceis que fossem, o que não poderia ocorrer é perderem o Céu aberto por Jesus, não poderiam perder esta cidadania que Cristo veio nos chamar e nos confirmar.
O Batismo é o carimbo deste passaporte rumo a Terra Prometida, a Nova Jerusalém. Porém, cientes de que este carimbo apenas não lhes dava o direito da passagem a Casa do Senhor, e que teriam que adquiri-la com um caminhar em Cristo e Dele não se desviar. Valia tudo para que este caminho não fosse fechado, inclusive confirmá-lo com a própria vida, seja vivendo cotidianamente em busca da Santidade que nos leva até Deus ou mesmo dando a sua vida para recebê-la em dobro em Cristo. Estes são os mártires, ou seja, as testemunhas que davam a vida pelo amigo, não apenas por um amigo, mas pelo melhor amigo que se pode ouvir dizer, davam a vida pela amizade de Cristo, pois Nele confiavam e depositavam todas as suas esperanças.
Hoje, em nossa realidade* não temos mais as antigas formas de martírios violentos como em outros tempos e lugares, mas há uma nova forma de martírio, daqueles que não tentam matar o corpo (pois sabem que o sangue dos mártires é a semente dos cristãos), então procuram matar a alma, martirizar a Fé, martirizar a Igreja de Cristo e aqueles que nela congregam. Por isso precisamos parar e nos perguntar se estamos firmes em Cristo, com Cristo e por Cristo.
Precisamos exercitar a nossa Fé com muita propriedade, com muita convicção, para que aqueles que tentam martirizar as nossas almas e a nossa Fé tenham de nós uma resposta firme e decidida, não apenas com medo de que eles vençam e tenhamos a nossa alma morta por eles, mas para que eles também sintam a força dos cristãos, conheçam a grandeza de suas almas e saibam que a identidade que os define vem do Espírito Santo de Deus.
Como estamos fracos, como estamos titubeantes frente aos caminhos inversos deste mundo e desta hora, como estamos passíveis frente as ofensas dos que tentam matar a Fé e a alma de nosso povo. O horizonte de Cristo em nossa vida parece ter se tornado apenas um caminho incerto e pessoal e não temos uma opinião certa para afirmar a ninguém, mostrando assim a falta de ardor em nosso coração.
Para que reajamos com coragem frente a tudo isso, precisamos nos perguntar, comungamos verdadeiramente com Cristo, queremos estar constantemente na sua presença, amá-Lo, gostamos de pensar em Cristo, sentimos a doçura de seu amor por nós?
Não queiramos ser Cristãos para rebelar com aqueles que ainda não crêem em Deus, em Cristo e na Igreja de Cristo, mas queiramos ser Cristãos para que assumindo a nossa identidade de fato, cravada em nosso coração pelo Santo Sacrifício de Cristo na Cruz, sejamos Sal e Luz do mundo.
Nos interroguemos hoje, como Cristãos batizados, com coragem, sem medo de perder o Céu, confessemos a nós mesmos as nossas limitações, as nossas fraquezas, as nossas omissões, a tibieza de nossos corações, que nossos joelhos se dobram menos do que deveriam ou já não se dobram frente a grandeza de Deus. Coragem, se interrogue, ponha a questionar-se.
No inicio da caminhada da Igreja, cada cristão era tido como um “outro Cristo na terra”. Veja, esta realidade de nossa condição de batizados não é uma realidade comunitária, mas é uma realidade pessoal, você tem sido um “outro Cristo na terra”? Não se decepcione se chegar a conclusão de que não, pois até isso é uma graça divina, pois onde aparece as nossas faltas a graça se sobrepõe sobremaneira, abundantemente.
Você é Cristão, resgatado por Cristo e por Ele amado, é guiado pelo Espírito Santo, vive desde já integrado ao Corpo de Cristo que é a Santa Igreja, então, tome consciência daquilo que és (parafraseando Santo Agostinho).
És Cristão.
Obs: *Sabemos bem que ainda há sim as formas de martírios violentos em alguns lugares do mundo e que não esquecemos deles, mas a realidade que eu cito aqui é a nossa realidade, onde um clima de descrença na Revelação assola os nossos ambientes paroquiais, familiares e sociais. Apesar de fazermos referência a nossa realidade onde os cristãos são simplesmente desmerecidos por sua Fé, jamais esqueceremos dos mártires do México, da Espanha, da China e de outras partes da Ásia e da África.
Sociedade Católica
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