Sobre as orações de Santa Brígida – (Dom
Estêvão Bittencourt)
3. As orações ditas «de
Santa Brígida»
1. A partir do séc. XV,
começou a difundir-se com grande aceitação uma série de quinze orações
referentes à Paixão de N. S. Jesus Cristo e atribuídas a Santa Brígida. No
prefácio que acompanha essas fórmulas, lê-se a seguinte explicação:

Vistas as crendices
supersticiosas sugeridas por tal prefácio, compreende-se que a S. Congregação
do índice, por decreto de 30 de junho de 1671, tenha proibido as quinze orações
de S. Brígida «nisi deleatur prologus», a não ser que se cancele o respectivo
prefácio (o texto de tais preces em si nada tem de herético; é, ao contrário,
belo e piedoso).
2. Quanto ao Rosário
dito «de S. Brígida», recebeu, sim, a aprovação da S. Igreja. Contudo só por
equivoco é atribuído à Santa (os documentos mais antigos referentes a esta
devoção datam do começo do séc. XVI). Destina-se a honrar os 63 anos que
presumidamente a Virgem SS. terá passado na terra; por isto divide-se em seis
partes, cada uma das quais compreende 1 Credo, 1 «Pai Nosso» e 10 «Ave Maria»;
para terminar, recitam-se mais 1 «Pai Nosso» (que completa o número 7 das Dores
e das Alegrias de Maria SS.) e 3 «Ave Maria», que perfazem o total de 63 «Ave
Maria» correspondentes à duração da vida terrestre de Maria.
Pergunta-se:
por que terá sido essa maneira de orar associada ao nome de Santa Brígida? Em
resposta, goza de probabilidade a explicação seguinte: S. Brígida julgava que a
Virgem SS. passou quinze anos na terra após a Ascensão de Jesus; este número,
somado aos quinze anos que, conforme os medievais, Maria devia ter quando Jesus
nasceu, assim como aos trinta e três anos da vida de Cristo, levava a um total
de 63 anos. — Sem dúvida, tal cálculo é muito arbitrário e inconsistente.
É supersticiosa e
condenável a seguinte prática de piedade que certos folhetos apresentam como
decorrentes das revelações feitas a S. Brígida e S. Elisabete: Cristo, desde o
seu nascimento até a sepultura, terá derramado 61.362 gotas de sangue; por
conseguinte, digam-se diariamente 7 «Pai Nosso» e «Ave Maria» durante doze anos
até preencher o número correspondente ao das gotas de sangue derramadas pelo
Senhor. A quem assim procede, vão prometidas cinco graças extraordinárias,
entre as quais a isenção das penas do purgatório, tanto para o orante como para
os seus familiares até o quarto grau.
É de lamentar, tenha
sido o nome de S. Brígida associado a tais crendices. Não obstante, a Santa
fica sendo figura de primeira grandeza na história da Igreja: coloca-se na
linha das mulheres heroicas (S. Catarina de Sena, S. Joana d'Arc, S. Teresa de
Ávila... ) de que Deus se quis servir para despertar as consciências dos homens
em épocas calamitosas.
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