27 março 2009

Liturgia Diária!!!

Sexta-feira, dia 27 de Março de 2009
Sexta-feira da 4ª semana da Quaresma

S. João Damasceno, presbítero, Doutor da Igreja, +749



Comentário ao Evangelho do dia feito por
São João da Cruz : «Procuravam, então, prendê-Lo, mas ninguém Lhe deitou a mão»

Leituras

Sab. 2,1.12-22.
Dizem, com efeito, nos seus falsos raciocínios: «Breve e triste é a nossa
vida, não há remédio algum quando chega a morte. E também não se conhece
ninguém que tenha regressado do mundo dos mortos.
Armemos laços ao justo porque nos incomoda, e se opõe à nossa forma de
actuar. Censura-nos as transgressões da Lei, acusa-nos de sermos infiéis à
nossa educação.
Ele afirma ter o conhecimento de Deus e chama-se a si mesmo filho do
Senhor!
Ele tornou-se uma viva censura para os nossos pensamentos; só o acto de o
vermos nos incomoda,
pois a sua vida não é semelhante à dos outros e os seus caminhos são muito
diferentes.
Ele considera-nos como escória e afasta-se dos nossos caminhos como de
imundícies. Declara feliz a sorte final do justo e gloria-se de ter a Deus
por pai.
Vejamos, pois, se as suas palavras são verdadeiras, e que lhe acontecerá no
fim da vida.
Porque, se o justo é filho de Deus, Deus há-de ampará-lo e tirá-lo das mãos
dos seus adversários.
Provemo-lo com ultrajes e torturas para avaliar da sua paciência e
comprovar a sua resistência.
Condenemo-lo a uma morte infame, pois, segundo ele diz, Deus o protegerá.»
Estes são os seus pensamentos, mas enganam-se porque os cega a sua malícia.

Ignoram os desígnios secretos de Deus, não esperam a recompensa da piedade
e não acreditam no prémio reservado às almas simples.


Salmos 34(33),17-18.19-20.21.23.
A ira do SENHOR volta se contra os malfeitores, para apagar da terra a sua
memória.
Os justos clamaram e o SENHOR atendeu os e livrou os das suas angústias.
O SENHOR está perto dos corações contritos e salva os espíritos abatidos.
Muitas são as tribulações do justo, mas o SENHOR o livra de todas elas.
Ele guarda todos os seus ossos, nem um só será quebrado.
O SENHOR resgata a vida dos seus servos; os que nele confiam não serão
condenados.


João 7,1-2.10.25-30.
Depois disto, Jesus continuava pela Galileia, pois não queria andar pela
Judeia, visto que os judeus procuravam matá-lo.
Estava próxima a festa judaica das Tendas.
Contudo, depois de os seus irmãos partirem para a festa, Ele partiu também,
não publicamente, mas quase em segredo.
Então, alguns de Jerusalém comentavam: «Não é este a quem procuravam, para
o matar?
Vede como Ele fala livremente e ninguém lhe diz nada! Será que realmente as
autoridades se convenceram de que Ele é o Messias?
Mas nós sabemos donde Ele é, ao passo que, quando chegar o Messias, ninguém
saberá donde vem.»
Entretanto, Jesus, ensinando no templo, bradava: «Então sabeis quem Eu sou
e sabeis donde venho?! Pois Eu não venho de mim mesmo; há um outro,
verdadeiro, que me enviou, e que vós não conheceis.
Eu é que o conheço, porque procedo dele e foi Ele que me enviou.»
Procuravam, então, prendê-lo, mas ninguém lhe deitou a mão, pois a sua hora
ainda não tinha chegado.


Da Bíblia Sagrada



Comentário ao Evangelho do dia feito por

São João da Cruz (1542-1591), Carmelita,  Doutor da Igreja
Cântico Espiritual, estrofe 1 (a partir da trad. OC, Cerf 1990, p. 1218)

«Procuravam, então, prendê-Lo, mas ninguém Lhe deitou a mão»

Onde Te escondeste, meu Bem-Amado,
Deixando-me num gemido constante?
Fugiste, qual veado,
Havendo-me ferido; Por ti
Clamando, eu fui. Ah, em vão Te segui!

«Onde Te escondeste?» É como se a alma dissesse: «Verbo, Esposo meu,
mostra-me o lugar da Tua morada.» O que equivale a pedir-Lhe que manifeste
a Sua divina essência, porque «o lugar da morada do Filho de Deus», diz-nos
São João, «está no seio do Pai» (Jo 1,18) ou, falando noutros termos, é a
essência divina, invisível a todo o olhar mortal, impenetrável a todo o
entendimento humano. Isaías, dirigindo-se a Deus, diz-Lhe: «Na verdade Vós
sois um Deus escondido» (Is 45, 15).

Por isso, é de notar que, por muito íntimas que sejam as comunicações, por
muito sublime que possa ser o conhecimento que uma alma tenha de Deus nesta
vida, o que ela percebe não é a essência de Deus e nada tem de comum com
Ele. Na realidade, Deus está sempre escondido da nossa alma. Quaisquer que
sejam as maravilhas que lhe sejam desveladas, a alma deve sempre tê-Lo por
escondido e procurá-Lo em sua morada, dizendo: «Onde Te escondeste?» De
facto, nem a comunicação sublime nem a presença sensível são testemunho
seguro da favorável presença de Deus numa alma, nem a secura e a carência
de tais dons serão um indício da Sua ausência. É o que nos diz o profeta
Job: «Passa diante de mim e eu não O vejo, afasta-Se de mim e não me
apercebo» (Job 9, 11).

Devemos daqui tirar um ensinamento. Se uma alma for favorecida com sublimes
comunicações, conhecimentos e sentimentos espirituais, não deve nunca
persuadir-se de que possui a Deus ou que vê clara e essencialmente a Deus,
nem que esses dons signifiquem ter mais a Deus ou estar mais em Deus do que
os outros; da mesma forma, se todas estas comunicações sensíveis e
espirituais vierem a faltar-lhe deixando-a na aridez, nas trevas e no
desamparo, não deve ela nunca pensar que nesse estado Deus lhe falta [...].
O principal intento da alma, neste verso, não é pois pedir devoção
afectuosa e sensível, que não dá certeza nem evidência da posse do Esposo
nesta vida: ela reclama a presença e a clara visão da Sua essência, que
quer fruir, de maneira firme e segura, na outra vida.




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