Breve história da vida de São Leão Magno
Texto extraído do livro "Sermões" de São Leão Magno da Editora Paulus:
Texto extraído do livro "Sermões" de São Leão Magno da Editora Paulus:
“1. Origem e ascensão
Criado e formado em
Roma, aquele que foi cognominado o “Grande”, devido à sua intensa e efetiva
atividade, nasceu, provavelmente na Toscana. Apesar de sua celebridade, a
história nada nos informa sobre sua família, infância e juventude. Contudo, se
levarmos em conta sua educação, devemos concluir que pertencia a uma família de
alta condição social.
Por volta de 420-430, tornou-se
diácono. Já, nesta época, era muito estimado, influente e se destacava como
líder, ocupando lugar preponderante entre os clérigos de Roma. Assim exercia
considerável influência nos negócios da Igreja. “Teve relações de amizade com
são Próspero de Aquitânia e com Cassiano, fundador da célebre abadia de S.
Vítor em Marselha; deste, que ele exortara a escrever o “De Incarnatione
Domini” contra os nestorianos, recebeu Leão este elogio verdadeiramente
singular para um simples diácono: “Honra da Igreja e do sacro ministério”.
Quando o papa Sixto III morreu, o
diácono Leão se encontrava nas Gálias em missão política a fim de resolver um
entrevero entre o patrício Aécio e o prefeito do pretório, Albino. Nas palavras
de João XXIII, “foi, então, que a Igreja de Roma pensou que não se podia
confiar o poder de Vigário de Cristo a homem melhor que o diácono Leão, que já
se revelara tanto teólogo seguro como fino diplomata. Recebeu, pois, a sagração
episcopal a 29 de setembro de 440, e o seu pontificado foi um dos mais longos
da antigüidade cristã, e indubitavelmente um dos mais gloriosos”.2
Eram tempos difíceis tanto para a Igreja quanto para o império em decadência.
Hordas de bárbaros atacavam e invadiam os territórios romanos. Internamente,
reapareciam antigas heresias, surgia o monofisismo e a política de Bizâncio que
visava a suplantar a velha Roma.
2. Homem de ação
Leão Magno era dotado
daquilo que hoje se chama “senso da administração”. Empreendedor, empenhou-se,
inteiramente, por salvaguardar a unidade da Igreja e proteger o povo romano da
carnificina que os invasores costumavam executar. Neste sentido, moveu-se no
plano político para salvar seus concidadãos das desgraças de cair nas mãos dos
hunos e vândalos. Por esta razão, em 452 foi ao encontro de Átila, “o Flagelo
de Deus”, em Mântua, negociando sua retirada da Itália, evitando que, na
seqüência, Roma fosse tomada e ocupada. Três anos mais tarde, 455, suas
negociações junto a outro invasor, Genserico, não alcançaram o mesmo sucesso:
embora conseguisse que este general poupasse as vidas dos romanos, não evitou
que Roma fosse, por quinze dias, pilhada.
No interior da Igreja, aplicou
toda a sua solicitude através das pregações, nas intervenções anti-heréticas,
na organização da liturgia e da vida monástica. Sua luta pela unidade e
ortodoxia foi marcada por combate sem tréguas contra os hereges, perseguindo os
maniqueus,3
os pelagianos4
e os priscilianistas.5
Para isso, apesar de sua diplomacia, não hesitou em apelar para a proteção das
forças do império (Epist. 7; 11; 15). Assim, interveio
para salvar a ordem na Igreja setentrional, na manutenção da disciplina
eclesiástica. Com a mesma finalidade, suprimiu a liberdade das igrejas da
Gália, aprovou os atos do concílio de Calcedônia (451), exceto o cânone que
concedia à sede de Constantinopla prerrogativas de igualdade à sede romana. Em
troca destes favores, concedeu aos imperadores o direito de convocar os
concílios ecumênicos e de nomear presidentes sinodais (Epist.
29; 33; 34). Contudo, sempre reservou as questões de fé unicamente às
autoridades eclesiásticas (Epist. 115).
Por tudo o que realizou passou
para a história como o defensor da civilização ocidental e, ao lado de Gregório
I, também cognominado Magno (590-604), é considerado o maior papa da
antiguidade cristã. A partir de sua atividade papal, a autoridade temporal e
política da Igreja cresceu enormemente. Leão Magno morreu aos 10 de março de
461, venerado como santo. Bento XIV, em 1754, acrescentou-lhe ainda o título de
“Doutor da Igreja”.”
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