Sermões de São Leão Magno sobre a divindade de Nosso Senhor
Jesus Cristo – parte 1
Texto extraído do livro "Sermões" de São Leão Magno da Editora Paulus.
Texto extraído do livro "Sermões" de São Leão Magno da Editora Paulus.
(...) Creio
em Deus Pai todo poderoso e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor,
concebido pelo poder do Espírito Santo e nascido da Virgem Maria.
Estes
três artigos destroem as invenções de quase todos os hereges.
Quem
crê em Deus, onipotente e Pai, demonstra ser o Filho sempiterno como ele, em
nada diferente do Pai, porque Deus de Deus, onipotente do onipotente, nasceu
coeterno do eterno. Não é posterior no tempo, nem inferior em poder, nem
desigual em glória, nem separado quanto à essência.
O mesmo
sempiterno Filho unigênito de um sempiterno Genitor nasceu pelo poder do
Espírito Santo e de Maria Virgem. Tal nascimento temporal em nada diminuiu sua
eterna e divina natividade, nada lhe acrescentou.
Entregou-se
totalmente em prol da redenção do homem que fora seduzido, a fim de vencer a
morte e destroçar por sua própria virtude o diabo que possuía o império da
morte. Não poderíamos vencer o pecado e o autor da morte a não ser que
assumisse nossa natureza e a fizesse sua, aquele a quem o pecado não pôde
contaminar, nem a morte reter.
Visto
que foi concebido por virtude do Espírito Santo no seio da Virgem Mãe, esta o
deu à luz conservando intata a virgindade, como seu detrimento da virgindade o
concebera.
(...) “Eis
a virgem que concebe e dá à luz um filho ao qual dará o nome de Emanuel, que
quer dizer ‘Deus conosco’ (Is 7,14; Mt 1,23). Com fé teria lido as palavras do
mesmo profeta: “Eis nasceu-nos um menino, um filho nos foi dado, sobre cujos
ombros está o principado e cujo nome é: Admirável conselheiro, Deus forte, Pai
perpétuo, Príncipe da paz” (Is 7,5). Não proferiria palavras vãs afirmando que
o Verbo se fez carne de sorte que Cristo nascido do seio da Virgem tivesse a
condição externa de homem, mas não a verdadeira carne da mãe. Acaso julgou que
nosso Senhor Jesus Cristo não era de nossa natureza porque o anjo enviado à bem-aventurada
sempre Virgem Maria disse: “virá sobre ti o Espírito Santo e a potência do
Altíssimo te recobrirá, e por isso também o santo que há de nascer será chamado
Filho de Deus” (Lc 1,35).
Assim a concepção da Virgem teria sido obra divina, mas a carne concebida não
era da natureza de quem a concebeu.
Mas,
essa geração singularmente maravilhosa e maravilhosamente singular não deve ser
entendida como se, por uma nova espécie de criação, fossem supressas as
qualidades do gênero humano.
O
Espírito Santo deu fecundidade à Virgem, no entanto, a constituição do corpo
originou-se do corpo (virginal). Ao “construir a Sabedoria sua casa para si”
(Pr 9,1), o “Verbo fez-se carne e habitou entre nós” (Jo 1,14), isto é, no
corpo assumido de uma carne humana ao qual animou com o sopro de vida racional.
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